Gasto bilionário impede acesso ao Ozempic no SUS, alertam médicos
A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) decidiu recentemente não incluir os medicamentos liraglutida e semaglutida no SUS. Esses fármacos são princípios ativos presentes em medicamentos como Ozempic e Saxenda, usados no tratamento da obesidade. A decisão foi justificada pelo impacto financeiro significativo que a inclusão traria ao sistema público de saúde, com um custo estimado entre R$ 9,8 bilhões e R$ 6,4 bilhões em cinco anos, conforme análises realizadas pela Conitec.
Essa decisão gerou controvérsias profundas entre médicos e autoridades de saúde, principalmente devido ao impacto que pode ter nas populações mais vulneráveis. Sociedades médicas, como a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), afirmam que este veto aprofunda a desigualdade de acesso a tratamentos médicos no país. O acesso restrito ao Ozempic e Saxenda afeta especialmente mulheres negras de baixa renda, um dos grupos mais afetados pela obesidade.
Impacto nos Grupos Vulneráveis
A decisão tem implicações significativas para grupos vulneráveis que dependem exclusivamente dos recursos públicos para tratamento. A não incorporação dos medicamentos no SUS levanta preocupações sobre a elitização do tratamento da obesidade, aumentando a disparidade no acesso a tratamentos eficazes para essas populações. Para muitos, a única alternativa viável no sistema público seria a sibutramina. No entanto, preocupações quanto à sua segurança limitam seu uso, agravando ainda mais a situação.
Argumentos Financeiros e Alternativas
O principal motivo para a exclusão foi o custo elevado dos tratamentos com esses medicamentos. Estima-se que o custo anual por paciente para a semaglutida seria de R$ 17.584,80 e para a liraglutida, de R$ 9.885,60. Além disso, a Conitec sinalizou a necessidade de acompanhamento especializado, o que aumentaria ainda mais os custos. Alternativas como a sibutramina permanecem controversas devido aos riscos associados a seu uso, o que leva a rejeições reiteradas de sua incorporação.
Parcerias e Pesquisas: Caminhos para o Futuro
Enquanto o debate sobre a inclusão de medicamentos continua, existem iniciativas para produzir versões nacionais a fim de reduzir custos. A Fiocruz, em parceria com a farmacêutica EMS, está desenvolvendo tecnologias locais para a produção da liraglutida e semaglutida. Essa parceria visa a médio prazo facilitar a inclusão desses tratamentos no SUS, equilibrando custo e disponibilidade.
Um futuro promissor é esperado com esses esforços, uma vez que a implementação de tratamentos mais acessíveis poderia transformar o cenário da saúde pública no Brasil. A expectativa é que, até 2026, avanços sejam feitos para integrar essas opções ao sistema público, expandindo o acesso a tratamentos de ponta.
Conclusão
A decisão da Conitec de não incluir medicamentos como Ozempic e Saxenda no SUS continua gerando debate. A justificativa principal foi o alto impacto financeiro, mas as discussões prosseguem em busca de soluções para equilibrar custos e o acesso a tratamentos eficazes. Parcerias como a da Fiocruz e EMS planejam contribuir para essa meta, com previsões de avanços significativos até 2026. Até lá, o desafio permanece em como melhor atender a população com necessidades prementes de saúde.