Cinco hábitos pouco falados que afetam sua saúde e longevidade — e como mudar agora
Muitas pessoas dedicam atenção à alimentação saudável, prática de exercícios e sono adequado. Porém, há comportamentos aparentemente inofensivos que, ao longo do tempo, impactam de forma significativa o equilíbrio hormonal, o metabolismo e até a função cerebral — e que costumam passar despercebidos. A endocrinologista Jacy Maria Alves destaca cinco desses hábitos “silenciosos” que perturbam a saúde e reduzem a longevidade.
Comer rápido demais
Iniciar a refeição e terminá-la em poucos minutos pode parecer apenas uma questão de rotina, mas o ato de comer apressado tem consequências diretas. O cérebro leva aproximadamente 20 minutos para perceber que o corpo está satisfeito e, ao não dar tempo a essa sinalização, o indivíduo tende a consumir mais calorias. Essa ingestão excessiva favorece a resistência à insulina, inflamação crônica e ganho de gordura abdominal — fatores associados a doenças metabólicas e menor expectativa de vida.
Exposição excessiva à luz artificia à noite
A intensa utilização de telas e lâmpadas de espectro azul após o pôr-do-sol interfere na produção de melatonina — hormônio vital para o sono de qualidade e a regeneração celular. A privação ou truncamento do sono gera aumento de cortisol, desequilíbrios no metabolismo e enfraquecimento do sistema imunológico. São efeitos acumulativos que aumentam o risco de doenças cardíacas, alterações hormonais e declínio cognitivo precoce.
Estresse crônico e emoções reprimidas
Estar sob tensão contínua e reprimir emoções não é apenas um desgosto mental — é uma agressão ao sistema fisiológico. O corpo exposto ao estresse permanente secreta hormônios como o cortisol de forma elevada, o que afeta o intestino, compromete o sono, altera o humor e acelera o envelhecimento celular. Reconhecer, expressar e tratar as emoções passa, portanto, de opção a necessidade para quem deseja qualidade de vida.
Falta de exposição solar adequada
Viver em grandes centros, passar muito tempo em ambientes internos ou usar filtros solares inacessíveis pode levar à deficiência de vitamina D — essencial para o funcionamento ósseo, imunológico, metabólico e até para o equilíbrio do humor. Níveis baixos dessa vitamina estão associados a fadiga, alterações hormonais, maior risco de doenças crônicas e menor longevidade. Uma modesta exposição ao sol, com segurança, traz benefícios importantes.
Excesso de estímulos e multitarefas
Vivemos numa era de notificações constantes, vídeos, redes sociais e trabalho simultâneo. O cérebro humano, entretanto, não foi projetado para bipolarizar atenção em múltiplas tarefas com eficiência. O excesso de estímulos e a multitarefa contínua reduzem a eficiência cognitiva, aumentam a ansiedade, prejudicam a memória — e, segundo especialistas, alteram o eixo hormonal a longo prazo, comprometendo o bem-estar integral.
Como virar o jogo
A boa notícia é que essas influências negativas são reversíveis ou pelo menos controláveis desde que sejam reconhecidas. Para desacelerar esse impacto silencioso, recomenda-se:
- desacelerar na hora da refeição — mastigar mais, retirar distrações e observar os sinais de saciedade;
- criar “zonas sem tela” à noite — desligar ou afastar o celular e o computador 60 minutos antes de dormir;
- gerir o estresse por meio de diário emocional, terapia ou atividades de relaxamento;
- buscar exposição solar moderada — por exemplo, 10 a 15 minutos pela manhã, sem protetor solar ou com proteção leve;
- reduzir os estímulos simultâneos — focar numa tarefa de cada vez, fazer pausas e estabelecer momentos de desconexão digital.
Em suma, o caminho para uma vida mais longa e saudável passa tanto pelos cuidados visíveis (como alimentação e treino) quanto por aquelas mudanças delicadas e menos comentadas — que, em conjunto, fazem toda a diferença.