Uma nova proposta de lei está em discussão na Câmara dos Deputados do Brasil, com o potencial de transformar significativamente o cenário das compras internacionais para os consumidores brasileiros. A deputada federal Dani Cunha (União-RJ) apresentou um projeto que visa isentar de tributação as compras feitas por pessoas físicas no exterior, desde que o valor não ultrapasse US$ 600. Atualmente, o limite para isenção é de apenas US$ 50, o que limita consideravelmente o poder de compra dos brasileiros em sites internacionais.
Se aprovada, essa mudança pode representar um alívio para muitos consumidores que enfrentam altos impostos sobre importações. A proposta tem gerado discussões intensas, especialmente entre os setores do comércio varejista nacional, que temem um impacto negativo na produção interna.
Como Funciona a Proposta de Isenção?
A proposta sugere a criação de uma cota anual de US$ 600 por CPF, permitindo que os consumidores importem produtos até esse limite sem pagar imposto de importação. Isso equivaleria a cerca de US$ 50 por mês, oferecendo mais flexibilidade para compras ao longo do ano. A ideia é equilibrar o tratamento tributário entre quem compra online e quem viaja ao exterior, já que turistas podem trazer valores significativamente maiores em mercadorias sem pagar impostos.
Essa abordagem busca corrigir uma desigualdade percebida entre consumidores que compram online e aqueles que viajam ao exterior. Atualmente, quem viaja pode trazer até US$ 1.000 em mercadorias sem tributação, enquanto as compras online enfrentam restrições muito mais severas.
Quais São as Reações à Proposta?
A proposta de isenção tem gerado reações mistas. Entidades ligadas à indústria da moda e ao varejo tradicional expressaram preocupações de que a medida possa prejudicar a produção interna e incentivar a evasão fiscal. No entanto, muitos consumidores e defensores do e-commerce veem a proposta como uma oportunidade de aliviar os altos custos associados às compras internacionais.
Nas redes sociais, a proposta tem ganhado apoio popular, especialmente entre consumidores que reclamam dos altos impostos e da falta de clareza nas cobranças alfandegárias. Sites como Shein, Shopee e AliExpress, que oferecem preços acessíveis, poderiam se beneficiar significativamente se a legislação for aprovada.
Comparação com Normas Internacionais
O Brasil é conhecido por ter uma das maiores cargas tributárias sobre importações de pequeno valor. Em comparação, nos Estados Unidos, o limite de isenção para compras internacionais pode chegar a US$ 800, enquanto na União Europeia há isenção para produtos de até 150 euros. A proposta brasileira busca alinhar-se mais com esses padrões internacionais, oferecendo um alívio fiscal para os consumidores.
Especialistas sugerem que o controle por CPF pode facilitar a fiscalização e evitar fraudes, como o uso de empresas fantasmas para envio de produtos a terceiros, um problema comum em esquemas de sonegação fiscal.
Perspectivas Futuras para a Proposta
Para que a proposta avance, ela precisa ser aprovada nas comissões e no plenário da Câmara, seguir para o Senado e, finalmente, para a sanção presidencial. Apesar da resistência de alguns setores econômicos, a popularidade da medida entre os eleitores pode impulsionar sua tramitação. Em tempos de inflação alta e perda de poder de compra, medidas que aliviem o bolso do consumidor têm grande apelo popular.
A deputada Dani Cunha está confiante na aprovação, destacando que a proposta visa corrigir uma injustiça e defender o direito do brasileiro de consumir com dignidade. O debate continua, e muitos aguardam ansiosamente por uma decisão que pode impactar significativamente o comércio digital no Brasil.