Nos últimos anos, a África tem se destacado como a região com o crescimento mais acelerado da população católica no mundo. Dados do Vaticano indicam que, em 2022, cerca de 20% dos católicos globais residiam no continente africano, um aumento significativo em relação ao ano anterior. Este crescimento contrasta com a situação na Europa, onde o número de católicos tem diminuído constantemente.
Este cenário levanta questões sobre o futuro da liderança da Igreja Católica. Com a morte do papa Francisco em abril de 2025, os cardeais se preparam para um novo conclave. A origem do próximo papa pode ser influenciada por essa mudança demográfica, especialmente considerando a crescente influência africana dentro da Igreja.
Qual é o impacto do crescimento católico na África?
A África não apenas lidera o crescimento do catolicismo, mas também se torna um centro de vitalidade e renovação para a Igreja. A proporção de cardeais africanos no conclave aumentou sob o papado de Francisco, refletindo essa mudança. Em 2013, os cardeais africanos representavam 9% dos eleitores, e em 2022, esse número subiu para 12%.
Apesar disso, a presença africana na liderança da Igreja ainda enfrenta desafios. Não há atualmente um clérigo africano em posição de destaque no Vaticano, o que levanta dúvidas sobre a possibilidade de um papa africano ser eleito. A história recente mostra que, embora houvesse candidatos africanos proeminentes em conclaves passados, como o cardeal Peter Turkson, nenhum foi eleito.
Por que a origem do próximo papa é relevante?
A questão da origem do próximo papa é debatida entre os católicos africanos. Alguns, como o padre Stan Chu Ilo, acreditam que um papa africano poderia melhor representar a diversidade da Igreja. Outros, como o padre Paulinus Ikechukwu Odozor, argumentam que a competência e a capacidade de liderança são mais importantes do que a origem geográfica.
Odozor destaca que a liderança da Igreja deve focar em questões teológicas e na construção da comunidade cristã, independentemente da origem do papa. Ele expressa preocupação com a percepção de que a eleição de um papa africano poderia ser vista como um gesto simbólico, em vez de uma escolha baseada em mérito.
Quais são os desafios enfrentados pela Igreja Católica na África?
Apesar do crescimento numérico, a Igreja Católica na África enfrenta desafios significativos. Um deles é a percepção de que as questões africanas não recebem a devida atenção no Vaticano. Isso pode levar a um sentimento de marginalização entre os fiéis africanos, que desejam ver suas preocupações refletidas nas decisões da Igreja.
Além disso, há a questão do racismo dentro da Igreja, que pode afetar a percepção e a aceitação de um papa africano. O padre Odozor menciona que, mesmo com o aumento do número de cardeais africanos, o poder real ainda não foi totalmente transferido para o continente.
O que esperar do próximo conclave?
O próximo conclave será um momento crucial para a Igreja Católica. Com a maioria dos cardeais eleitores nomeados por Francisco, há uma expectativa de que o novo papa compartilhe sua visão de uma Igreja mais inclusiva e voltada para os pobres. Esta abordagem, conhecida como “primeiro, os pobres”, busca criar uma Igreja mais humilde e progressista.
No entanto, o elemento-surpresa sempre está presente, como visto na eleição do papa Francisco em 2013. A crença de que o Espírito Santo guia a escolha do novo líder significa que o resultado do conclave pode ser inesperado. Independentemente da origem do próximo papa, o desejo é que ele continue a promover uma Igreja que escuta e representa todos os seus membros.