Espécie de Lobo-Terrível foi realmente recriada geneticamente? Saiba tudo sobre

Nos últimos anos, a ciência tem avançado de maneira impressionante, permitindo que projetos antes considerados ficção científica se tornem realidade. Um exemplo notável é o trabalho da startup norte-americana Colossal Biosciences, que anunciou a recriação de lobos-terríveis, uma espécie extinta há cerca de 12 mil anos. Este feito foi possível através da manipulação genética, utilizando DNA extraído de fósseis antigos. No entanto, a afirmação de que a espécie foi “des-extinta” tem gerado debates acalorados na comunidade científica.

O DNA dos lobos-terríveis foi recuperado de um dente de 13 mil anos e de um crânio de 72 mil anos, preservados em um sítio de piche. A partir deste material genético, a Colossal Biosciences modificou o genoma de lobos cinzentos, seus parentes vivos mais próximos, para se assemelhar ao DNA dos lobos-terríveis. Esta técnica resultou no nascimento de três filhotes com características físicas semelhantes aos seus ancestrais pré-históricos.

O que é a “Des-extinção”?

A “des-extinção” refere-se ao processo de recriar uma espécie extinta ou algo muito próximo dela, através de técnicas avançadas de biotecnologia. No caso dos lobos-terríveis, a Colossal Biosciences afirma ter conseguido isso ao modificar geneticamente lobos cinzentos. No entanto, muitos cientistas argumentam que o resultado não é um verdadeiro lobo-terrível, mas sim um híbrido, uma vez que o DNA original não foi completamente restaurado.

O paleoecologista Nic Rawlence, da Universidade de Otago, expressou ceticismo em relação ao projeto, afirmando que o DNA antigo é frequentemente danificado e fragmentado, tornando-o um modelo pouco confiável para recriação de espécies. Ele compara o DNA antigo a um material que foi “cozido” a altas temperaturas, resultando em fragmentos que são difíceis de serem usados de forma eficaz.

Quais são as Implicações Éticas e Ecológicas?

A recriação de espécies extintas levanta questões éticas e ecológicas significativas. A paleoecologista Jacquelyn Gill, da Universidade de Maine, destaca que, mesmo que fosse possível recriar um animal com DNA 100% idêntico ao de uma espécie extinta, ainda restaria a questão do que fazer com esses animais. Rômulo, Remo e Khaleesi, os filhotes criados pela Colossal, viverão em uma reserva natural, onde serão estudados ao longo de suas vidas.

Além disso, há preocupações sobre o impacto que esses animais poderiam ter no ecossistema atual. Corey Bradshaw, professor de ecologia global, argumenta que, sem evidências sólidas, a recriação de espécies extintas pode ser vista como uma forma de banalizar a extinção, sugerindo que os danos ambientais podem ser facilmente revertidos.

O Futuro da Biotecnologia na Recriação de Espécies

O trabalho da Colossal Biosciences é apenas o começo de uma nova era na biotecnologia. A diretora científica da empresa, Beth Shapiro, defende que o objetivo é criar versões funcionais de espécies extintas, mesmo que não sejam geneticamente idênticas. Ela argumenta que o conceito de espécie morfológica pode ser suficiente para considerar o renascimento de uma espécie.

No entanto, a comunidade científica permanece dividida sobre a validade e as implicações deste tipo de projeto. Enquanto alguns veem a “des-extinção” como uma oportunidade para corrigir erros do passado, outros alertam para os riscos de manipular ecossistemas complexos. O debate continua, mas uma coisa é certa: a biotecnologia está redefinindo o que é possível na ciência moderna.

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.